quinta-feira, 22 de junho de 2017

Qual lembrança?

Qual lembrança tem um peso tão grande a ponto de lhe provocar lágrimas?

Lágrimas de alegria, de tristeza, de remorso (sim, elas existem), de nostalgia... existem vários sabores de lembrança.

A vida tem um jeito que poucas vezes nos damos conta dele: a vida é como um voo de avião! Depois que ele decola, tem que acelerar e ir sempre para a frente, para não cair. É assim que um equipamento tão pesado mantém-se no ar. Acelerando e indo em adiante. A redução da velocidade, quando controlada, é só para pousar, e quando descontrolada, resulta em queda e desastre.

Assim é a nossa vida, um voo constante, onde o final é sempre o mesmo: pouso tranquilo no aeroporto (a morte natural, de preferência em idade avançada e após uma vida realizada) ou a queda desastrosa (que dispensa explicações da analogia).

O fato é que toda essa comparação com um avião é para dizer que cada vez mais o que ficou para trás está longe e sem importância. Como as nuvens se sucedem ao serem vistas da janela, cada vez mais iguais na desimportância, assim vão se tornando as lembranças e memórias de uma mente que já viveu muito (e continua a viver).

Aquele acontecimento tão importante pra mim aos 15 anos, já é só mais um acontecimento aos 28. Aos 40 será uma nota de rodapé. Aos 50, talvez nem me lembre.

Acontece que de vez em quanto algumas lembranças ressurgem de forma inesperada... dessas lembranças que ficaram para trás e perderam a importância com o tempo, mas somente porque a vida não nos deixa processar tudo como devia ser.

Agora pouco, ao mexer em um HD externo pra organizar meu arquivo de fotos, me deparei com duas imagens do nosso querido labrador, o Elvis. Uma dele saudável, brincando no jardim e a outra, dele moribundo, em abril de 2011. Acredito que tenha sido a última foto dele.

Eu não lembro do Elvis todo dia, meu Deus, tem vez que fico meses sem lembrar dele. E quando lembro, ele já me parece só mais um acontecimento da década passada. Mas quando vi as fotos, me veio a lembrança em sua real natureza. Por um breve instante meu cérebro e meu coração pararam e foi como se fosse 2011 de novo, veio a dor de ver um ente querido sofrendo tanto e morrendo sem que eu pudesse fazer nada. Passou tão rápido quanto veio, pois de fato, tudo isso não tem lá muito peso na minha mente HOJE. Mas esse breve momento me fez verter umas lágrimas de nostalgia.

Qual a lembrança que poderia te causar isso?

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Sobre o caráter

Me chame de mineiro desconfiado, mas com o tempo estou aprendendo a ser mais contido na convivência com as pessoas e captar os pequenos detalhes sobre caráter.
No meu trabalho, tinha um cara, profissional sênior, referência na área. Era o encarregado de toda uma operação. Infelizmente, ele morreu de repente, vítima de infarto.
Criou-se um problema grande sobre quem iria sucedê-lo, pois ele era uma peça chave para essa operação seja uma das mais tranquilas e bem-conduzidas em todo nosso trabalho.
Ok, passado um mês, visito o local novamente, e fico conhecendo o novo responsável. Ou melhor, "RE"conhecendo, pois já era um rosto conhecido por lá, só que em outras funções mais abaixo na hierarquia.
Na primeira volta sozinho comigo, ele tenta se mostrar muito amigo, estabelecendo "confissões" que supostamente eu seria o primeiro a ouvir. Tenta, inclusive, se apropriar de sucessos do falecido, dizendo que na verdade foram ideias dele para melhorar o trabalho.
Se é verdade o que ele disse, se foram ideias dele, e eu era o primeiro a ouvir essa versão, eu sei lá.
Sei que fiquei desconfiado com o sujeito, achei oportunista o discurso, meio que tentando conquistar minha simpatia ou subir no meu termômetro de avaliação. Fiquei foi mais desconfiado ainda e agora, tenho receios sobre o caráter do sujeito, que eu não tinha antes.

(postando domingo de noite, meu horário favorito pra escrever...)

domingo, 16 de agosto de 2015

Faça Seu Jogo

Meu domingo está inundado por essa música de Lô Borges, do famoso "disco do tênis" do início dos anos 1970.


Esse disco, essa capa, essa(s) música(s) me fazem tão bem!!!
Quando as ouço, consigo viajar a um passado onde tudo era menos digital e mais sólido.
Penso nos bairros antigos de Belo Horizonte, mais especificamente um que conheço bem, onde minha avó ainda mora. Penso em como devia ser lá há uns 30 anos, quando meu pai e minha mãe eram da minha idade, zanzavam por lá e tinham a vida e o mundo pela frente. Meu pai jogou a vida na estrada, como quem não queria fazer nada, e acabou chegando em um lugar. Saudade dele e da mãe. Saudade de estar em casa....

A letra de "Faça Seu Jogo":

Jogue sua vida na estrada
Como quem não quer fazer nada
Ouça bem as vozes no mato
Como quem abriu seu coração
Eu sonhei outro mundo, meu amor
E a paz morava na nossa casa
Mil pessoas como nós
Sem palavras, por viver

Sonhei que era tempo de reencontrar amigos
Falar de um velho tempo morto que passou depressa
Sonhei que amanhã é hora de você jogar

Jogue sua vida na estrada
Como quem não quer fazer nada
Ouça bem as vozes no mato
Como quem abriu seu coração
Eu sonhei outro mundo, meu amor
E a paz morava na nossa casa
Mil pessoas como nós
Sem palavras, por viver

Sonhei que era tempo de reencontrar amigos
Falar de um velho tempo morto que passou depressa
Sonhei que amanhã é hora de você jogar

Jogue sua vida na estrada
Como quem não quer fazer nada
Ouça bem as vozes no mato
Como quem abriu seu coração..."


sábado, 29 de novembro de 2014

Críticas

Não basta as críticas que todo mundo tem que aguentar e engolir nessa vida adulta, sugestões não pedidas, comentários toscos, ainda me vem essa: estou sendo criticado quanto à forma como NÃO gasto o meu dinheiro! Que deveria comprar roupas melhores, tênis melhores, um relógio legal. Não entendem que pra mim não comprar essas coisas é algo natural, sem esforço, simplesmente não sinto vontade de usar uma camisa da Tommy ou da Polo. Até tenho duas pra usar em 'ocasiões especiais'. Pra mim é um tipo de simplicidade que muito me convém, pois este tipo de gosto é caro e não sentir vontade de comprar essas coisas (não quer dizer que ando mulambo, só que uso roupas de marcas genéricas) é uma grande ajuda para poupar dinheiro. É só o que faltava, ainda querem decidir como você gasta o dinheiro que VOCÊ ganhou.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Beginners (Walt Whitman) - tradução livre

Poema muito significativo e poderoso de um grande poeta estadunidense... li semana passada e me deixou pensando. Pois somos todos iniciantes em alguma coisa... O poema questiona vários "comos" relacionados a um iniciante contra o mundo. E no final, que sempre cobra um preço inescapável pelas mesmas recompensas...

(Beginners)
How they are provided for upon the earth, (appearing at intervals,)
How dear and dreadful they are to the earth,
How they inure to themselves as much as to any--what a paradox
appears their age,
How people respond to them, yet know them not,
How there is something relentless in their fate all times,
How all times mischoose the objects of their adulation and reward,
And how the same inexorable price must still be paid for the same
great purchase.

(Iniciantes)


Como eles são colocados sobre a terra (aparecendo em intervalos),
Como caros e terríveis eles são para a terra,
Como eles tiram proveito para si mesmos tanto quanto aos outros -- e que paradoxo para seu tempo,
Como as pessoas os veem, ainda que não os conheçam.
Como sempre há algo determinado em seu destino e em todos os tempos,
Como sempre escolhem erroneamente os objetos de sua adulação e recompensa,
E como o mesmo preço inexorável sempre deve ser pago pela mesma grande compra.

domingo, 25 de maio de 2014

Bittersweet Symphony

Vendo o filme "Reality Bites" (1994)

Não sei o título em português. Descobri esse filme por causa de um post no Facebook de uma pessoa em quem confio no gosto pra filmes e música. É um filme cult da Geração X, geração da qual por pouco não fui parte. Me coube fazer parte da linha de frente da geração dos "Millenials" como já somos chamados nos EUA.

Um filme sobre a Geração X fica incompleto se não tiver Bittersweet Symphony na sua trilha sonora. Reality Bites teve o azar de sair em 1994, 3 anos antes do estouro do clássico contemporâneo do The Verve. 1994 também é o ano mais antigo do qual tenho lembranças nítidas. A Copa. A mudança de casa. A festa de aniversário com o tema dos dinossauros. O episódio de colar a própria boca com Superbonder.... se bem que esse último não sei se foi em 93 ou 94.

Enfim. Esse foi um post bêbado de uma madrugada fria e solitária em Bagé. Já virei umas long necks e o doses do uísque que o colega Rodrigo ganhou da Dinacon no Natal de 2012. Mas acho que o que me deixa mais ébrio é a melancolia de estar sozinho e a expectativa reprimida pelos próximos capítulos da vida. Vários esboços estão prontos na minha pasta, mas não sei qual a editora vai escolher para publicar.

PS: A Winona Ryder em "Reality Bites"... Talvez seja ela tenha ativado uns cantos do cérebro então adormecidos.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Viva Don Corleone!!!!

A máxima falada por Don Corleone a seu filho Sonny, em "O Poderoso Chefão" vale demais:
"Nunca diga a ninguém fora da família o que você está pensando."

Nesse momento, além da minha família de sangue, tenho uma outra família. Tem o nosso Don Corleone, velho e comedido, sábio. Tem o Michael. E tem eu, que devo ser o Sonny - intempestivo, impetuoso.
Tomo todo o cuidado pra não dizer a ninguém fora dessa família o que penso. Isso pode ser fatal agora.

O meu caminho ainda é o mesmo, ele só vai ser mais longo, mesmo porque: não é preciso ter pressa! O caminho cresce sob os nossos pés à medida que andamos. Ele não está pronto de acordo com nossa vontade. O importante é caminhar feliz, ou vislumbrando a felicidade. Sinto que agora posso caminhar em direção a essa felicidade. Hoje estou no mínimo satisfeito, mas tentando não alimentar sentimentos negativos como vingança ou orgulho. Estou contente e determinado. Em frente!